"Para quem sabe conhecer, este calor e' soturno. Este sol intenso e' um afago funebre na pele. Esta luz e' a vida, ela propria, a consumir-s. Para quem sabe conhecer, este verao imenso e' negro: negro atras da luz, negro atras do sol, negro atras do calor (...) E a imposiçao de viver obriga-a a caminhar, a prossegir, reguardando-se nas poucas sombras da estrada; e todo o calor, e toda a luz e' uma sombra (...)
Apenas nos foi oferecido o que desejamos para, nessa mesma ocasiao, nos tirarem definitivamente isso que foi um sonho. Este sol mostra-nos o nosso proprio desespero impossivel. Para quem sabe conhecer, este sol e' a mao que nos afaga e nos moi. Este sol e' a cançao cantada pela nossa mae para nos adormecer, e que nos desperta na escuridao insuportavel de ja nao termos mae e de ficarmos nesta solidao torrida e sem esperança. Para quem sabe conhecer este verao e' negro. Para quem sabe conhecer, este calor e' soturno."
by Jose Luis Peixoto
in Nenhum Olhar (2000)
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